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Tipo do documento: Tese
Título: Diagnóstico, dinâmica e manejo de Hovenia dulcis Thunb. em fragmentos antropizados de Floresta Ombrófila Mista
Título(s) alternativo(s): Diagnosis, dynamics and management of Hovenia dulcis Thunb. in anthropized fragments of Mixed Ombrophilous Forest
Autor: Nauiack, Carlos Henrique Boscardin 
Primeiro orientador: Figueiredo Filho, Afonso
Primeiro coorientador: Guimarães, Fabiane Aparecida Retslaff
Resumo: Hovenia dulcis Thunb., comumente conhecida no Brasil como uva-do-japão, é considerada espécie arbórea exótica e invasora (EEI) em diversas unidades fitogeográficas no Sul do Brasil, como a Floresta Ombrófila Mista (FOM), a Floresta Estacional Semidecidual e Estepes Gramíneo-Lenhosa. Por ameaçar o equilíbrio natural dos ecossistemas invadidos, mecanismos de controle e monitoramento dessa espécie devem ser buscados, a fim de se estabelecer estratégias conjuntas de mitigação. A presente pesquisa teve como objetivo realizar o diagnóstico de fragmentos antropizados de FOM contaminados por H. dulcis, avaliar a dinâmica e desenvolver um modelo de manejo para a espécie exótica invasora, buscando controlar sua expansão, com geração de rendas aos proprietários rurais. Especificamente, ainda se objetivou desenvolver uma metodologia para a estratificação dos fragmentos florestais pelo grau de invasão de H. dulcis, determinar a Classe de Diâmetro de Máximo Valor Presente (CMVP) para H. dulcis e avaliar os danos da colheita nas árvores remanescentes. O estudo foi realizado em 12 fragmentos antropizados de FOM no município de Fernandes Pinheiros, região Centro-sul do Paraná. Considerou-se cada fragmento como uma propriedade rural. Várias bases de dados foram utilizadas nesta pesquisa e algumas foram empregadas em múltiplos objetivos. O diagnóstico e a dinâmica dos fragmentos florestais com presença da EEI foram realizados com dados provenientes de: inventário florestal a 100% de H. dulcis (2012 e 2018); inventário por amostragem com parcelas permanentes (2011 a 2017); dados de crescimento gerados por análise de tronco (ANATRO); e mapeamento dos fragmentos com imagem de satélite e aerolevantamento com veículo aéreo não tribulado (VANT). No inventário por amostragem, foram alocadas 21 parcelas permanentes, perfazendo um total de 2,9 hectares amostrados. Ao comparar os resultados entre os períodos de medição, observou-se a manutenção do número de gêneros e famílias botânicas, com redução mínima no número de espécies de 82 em 2011 para 80 em 2017. Os dados relativos ao número de árvores.ha-1 apresentaram a maior alteração ao longo dos seis anos de intervalo entre as medições, reduzindo 90 árvores.ha-1 em 2017. Além da mortalidade, essa redução está relacionada também ao corte de 129 indivíduos de 36 espécies diferentes dentro das parcelas entre 2011 e 2017. Todas as 10 espécies com maiores índices de valor de importância (IVI) em 2011 apresentaram redução em sua densidade na medição de 2017. A distribuição diamétrica é do tipo decrescente, tanto em 2011 como em 2017. Ao contrário da distribuição diamétrica, o estoque volumétrico por classe de diâmetro assume uma distribuição unimodal com elevada assimetria positiva. Com relação ao inventário a 100% de H.dulcis nos 12 fragmentos, foram registradas 514 árvores em 2012, em que, após seis anos (2018), nos mesmos fragmentos florestais foram mensuradas 1.008 árvores com diâmetro a 1,3 m igual ou superior a 10 cm. Houve elevado aumento em todos os parâmetros da população de H.dulcis (número de árvores, área basal e volume por hectare) em praticamente todas as classes de diâmetro, principalmente nas menores classes. No total, 138 árvores de H. dulcis foram colhidas pelos proprietários dos fragmentos florestais entre 2012 e 2018, valor que correspondeu a uma taxa de colheita de 2,28% ao ano. O ingresso e a mortalidade foram avaliados a partir dos dados de parcelas permanentes nos seguintes períodos: 2011-2014 e 2014-2017. A taxa média anual de ingresso para H. dulcis foi de 6,19%, enquanto a taxa média anual da mortalidade entre os períodos foi próxima de zero (0,51%). O incremento diamétrico foi de 0,74 cm.ano-1, o qual foi determinado com base nos dados do inventário a 100% para as árvores remanescentes da primeira medição (2012) e remedidas em 2018. O incremento médio da classe (IMC) e o tempo de passagem foi determinado para diferentes amplitudes diamétricas (3, 5, 6 e 10 cm), com 905 pares de dados provenientes de 33 árvores amostradas pela ANATRO. Em relação à estratificação pelo grau de invasão de H. dulcis, aplicou-se a mesma metodologia para duas bases de dados distintas: levantamento terrestre e aerolevantamento com VANT. A estratificação foi realizada por meio da estatística multivariada, submetendo-se a matriz de dados à Análise de Agrupamento pelo método aglomerativo hierárquico, sendo o dendrograma obtido pela distância euclidiana como medida de similaridade, utilizando o método de ligação completa do vizinho mais distante. Com base no dendrograma foram definidos três estratos (mesma linha de corte) para ambas as base de dados, sendo que todos os fragmentos receberam a mesma classificação quanto ao grau deinvasão (médio, alto e muito alto). A classe de diâmetro de máximo valor presente para H. dulcis foi definida a partir da avaliação da média do valor presente de cada classe. A CMVP foi a faixa de diâmetro em que as árvores da espécie se encontram no seu máximo valor presente, tendo sido definida com base nas árvores amostradas pela ANATRO. A 8ª classe diamétrica, que representa os diâmetros de 31 a 34 cm, apresentou o maior valor presente médio com R$ 35,67 por árvore e volume comercial médio de 0,820 m3 por árvore, sendo considerada, portanto, a classe de diâmetro ótima de corte para a espécie. Dos 12 fragmentos com a presença de H.dulcis, foram selecionados apenas três fragmentos/propriedades para o manejo da espécie, sendo duas delas classificadas como grau de invasão alto e a outra como muito alto. A proposta de manejo de H. dulcis foi concebida com dois objetivos principais: o controle da espécie como forma de manutenção do equilíbrio dos fragmentos florestais nativos e a geração de rendas para os proprietários rurais. A intensidade de corte, ou seja, a determinação do número de árvores que seriam colhidas, foi o principal parâmetro para o controle da EEI, pois é a partir do equilíbrio entre entradas e saídas das árvores que ocorrerá a estabilização da expansão. Para tal, utilizou-se a taxa média anual do ingresso de 6,19%, o ciclo de corte definido como três anos e o número de árvores da espécie existente em cada fragmento. O número de árvores colhidas variou entre os fragmentos, pois é dependente do número de árvores pré-existentes, sendo a única variável que se diferenciou entre os fragmentos. Conforme esperado, os resultados do manejo variaram entre os três fragmentos. Para o número de árvores colhidas, a média foi de 28,66, com variação de 22 a 38 árvores. Para o volume comercial colhido, a média ponderada foi de 12,77 m3, com variação de 11,32 a 14,36 m3entre osfragmentos. Com base na técnica da razão de movimento, projeções da distribuição diamétrica da população da EEI foram realizadas para 2021 e 2024 para o fragmento 4. Observou-se como resultado da projeção que, a partir do 2º e 3º ciclos de corte, os parâmetros da população da EEI estabilizam-se e os resultados do volume e número de árvores permanecem equilibrados, atingindo a equilíbrio idealizado para o manejo sustentável. Os danos causados pela operação de colheita da EEI foram avaliados quanto ao grau e ao tipo de dano para todas as árvores com DAP ≥ 10 cm. Para os três fragmentos a média ponderada do dano de qualquer tipo foi equivalente a 2,3 árvores.ha-1, menos de 1% do número total de árvores. Entretanto, a média do dano que ocasionou a morte das árvores foi ainda menor. O dano em área basal representou na média menos de 1% (0,094 m2.ha-1) da área basal total dos fragmentos. O tipo de dano mais comum em 38% dos casos foi a quebra da copa, seguida da quebra do fuste com 22% e árvores cortadas com 20%, que juntos somaram 80% dos tipos de danos. A partir dos resultados gerados na pesquisa conclui-se que: A análise da alteração na composição florística e na estrutural horizontal entre os períodos de medição mostraram fragmentos fragilizados, principalmentedevido às ações antrópica, fato que favorece a invasão e a expansão por H. dulcis, evidenciando a necessidade de ações que busquem alterar o quadro atual de antropização; A taxa de mortalidade da espécie próxima a zero mostra que o controle natural da espécie na FOM é praticamente nulo; H. dulcismostrou grande eficiência na competição por recursos e alta capacidade de regeneração, com valores altos para o incremento periódico anual e para a taxa anual de ingresso, quando comparados às espécies nativas da FOM; A invasão da FOM por H. dulcis está longe de retroceder ou estabilizar; De modo geral, H.dulcis caracteriza-se pela tendência de decréscimo no incremento em diâmetro ao longo de seu desenvolvimento; A estratificação dos fragmentos florestais quanto ao grau de invasão por H. dulcis pela técnica da análise de agrupamento, tanto para dados provenientes de levantamento terrestre como para dados provenientes de aerolevantamento com VANT, mostrou-se um método eficiente na determinação de estratos homogêneos; A primeira análise do manejo executado indica que os principais objetivos propostos inicialmente nesta pesquisa, ou seja, a geração de rendas e o controle da espécie exótica (redução dos parâmetros) foram atingidos e, certamente, podem servir como modelo de manejo para H. dulcis. Para controlar H. dulcis e ao mesmo tempo mantê-la como fonte de renda, deve ser estabelecido o equilíbrio entre o número de árvores colhidas e de ingressantes na floresta. A colheita de H. dulcis gerou danos irrelevantes nas árvores remanescente com DAP ≥ 10 cm, tanto para o número de árvores.ha-1 quanto para a área basal.
Abstract: Hovenia dulcis Thunb. commonly known in Brazil as Japanese raisin tree is considered exotic invasive of different phytogeographic units in Southern Brazil as the Araucaria Forest, semideciduous forest and steppes Grassy-Woody. As it threatens the natural balance of invaded ecosystems, mechanisms for controlling and monitoring this species must be sought to establish joint mitigation strategies. This research aimed to diagnose anthropized fragments of Mixed Ombrophilous Forest (FOM) invaded by H. dulcis, evaluate the dynamics and develop a management model for the invasive alien species (IAS), seeking to control its expansion by generating income for rural owners. Specifically, it also aimed to: develop a methodology for stratifying forest fragments by the degree of H. dulcis invasion; determine the Maximum Present Value Diameter Class (MPVC) for H. dulcis; and assess crop damage to the remaining trees. The study was carried out on 12 anthropized fragments of FOM in the municipality of Fernandes Pinheiros, in the Center-South region of Paraná. Each fragment was considered to be a rural property. Several data sources were used in this research, some were used for multiple purposes. The diagnosis and dynamics of forest fragments with the presence of the IAS were performed with data coming from: 100% forest inventory of H. dulcis (2012 and 2018); sampling inventory with permanent plots (2011 and 2017); growth data generated by stem analysis technique; mapping of fragments with satellite image and aerial survey with non-tripulated aerial vehicle (UAV). In the inventory by sampling, 21 permanent plots were measured, totaling 2.9 hectares, comparing the results between the measurement periods, maintaining the number of genera and botanical families, and a minimal reduction in the number of species, passing from 82 in 2011 to 80 in 2017. Data on the number of trees.ha-1 underwent the greatest change over the six-year interval between measurements, reducing 90 trees.ha-1 in 2017. In addition to mortality, this reduction is also related to the cut of 129 trees of 36 different species within the plots, between 2011 and 2017. All 10 species with the highest importance value indexes (IVI) in 2011 reduced their density in the 2017 measurement. The diameter distribution describes a decreasing characteristic in both years 2011 and 2017. Unlike the diameter distribution by volume stock class describes a unimodal distribution, but rather asymmetric. With regard to the 100% inventory of H.dulcis in the 12 fragments, 514 trees were registered in 2012 and, after six years (2018) in the same forest fragments, 1008 trees with DBH above 10 cm were measured. There was a high increase in all parameters of the H.dulcis population (Number of trees, basal area and volume per hectare) in practically all diameter classes, mainly in the smallest classes. In total, 138 H. dulcis trees were harvested by forest fragment owners between 2012 and 2018, a value that corresponds to a harvest rate of 2.28% per year. Ingrowth and mortality were assessed using data from permanent plots in the following periods: 2011-2014 and 2014-2017. The average annual ingrowth rate found for H. dulcis was 6.19%, while the average annual mortality rate for the species between the periods was very close to zero (0.51%). The diametric increment for H. dulcis was 0.74 cm.year-1, which was determined based on the 100% inventory data for the remaining trees from the first evaluation (2012) remeasured in 2018. The average class increment (ACI) and the passage time was determined for different diametric amplitudes (3, 5, 6 and 10 cm), with 905 pairs of data from 33 trees sampled by stem analysis technique. Regarding stratification by the H. dulcis degree of invasion, the same methodology was applied to two different databases: land survey and aerial survey with UAV. Stratification was performed using multivariate statistics, submitting the data matrix to Cluster Analysis by the hierarchical agglomerative method, with the dendrogram obtained by the Euclidean distance as a similarity measure, using the complete connection method of the most distant neighbor. Based on the dendrogram, three strata (same cut line) were defined for both databases, and all fragments received the same classification regarding the degree of invasion (medium, high and very high). The MPVC for H. dulcis was defined from the evaluation of the average of the present value of each class. The MPVC is the diameter range in which the trees of the species are at their maximum present value, having been defined based on the trees sampled by stem analysis technique. The 8th diametric class that represents the diameters from 31 to 34 cm presented the highest present value per tree with R$ 35.67 and commercial volume of 0.820 m3, being considered, therefore, the class of optimal cut diameter for the species. Of the 12 fragments with presence of H.dulcis, was selected only three fragments/properties for the management of the species, two of them classified as high degree of invasion and the other as very high. The management proposal of H. dulcis was conceived with two main objectives: the control of the species as a way of maintaining the balance of the native forest fragments and the generation of incomes for the rural owners. The cutting intensity, that is, the determination of the number of trees that would be harvested, was the main parameter for the control of the IAS, since it is from the balance between trees inputs and outputs that the expansion will stabilize. For this, the average annual ingrowth rate was 6.19%, the cut cycle defined as three years and the number of trees of the species existing in each fragment. The number of trees harvested varies between fragments, as it depends on the number of pre-existing trees, being the only variable that differs between fragments. As expected, management results varied between the three fragments, for the number of trees harvested the average was 28.66 with a range of 22 to 38 trees, for the commercial volume harvested the weighted average was 12.77 m3 with variation of 11.32 to 14.36 m3 between the fragments. Based on the movement ratios technique, projections of the diametric distribution of the IAS population were made for 2021 and 2024 for the fragment 4. It is observed as a result of the projection that from the 2nd and 3rd cutting cycle, the parameters of the population of the IAS are stabilized and the results of the volume and number of trees remain balanced, reaching the idealized stabilization for sustainable management. The damage caused by the IAS harvesting operation was assessed for the degree and type of damage for all trees with DBH ≥ 10 cm. For the three fragments, the weighted average of damage of any kind was equivalent to 2.3 trees.ha-1, less than 1% of the total number of trees. However, the average damage that caused the trees to die was even lower. The damage in the basal area represented on average less than 1% (0.094 m2.ha-1) of the total basal area of the fragments. The most common type of damage in 38% of the cases was the breaking of the canopy, followed by the breaking of the stem with 22% and trees cut with 20%, together adding up to 80% of the types of damage. From the results generated in the research it is concluded that: The analysis of the alteration in the floristic composition and in the horizontal structural between the measurement periods, showed fragile fragments, mainly due to the anthropic actions, a fact that favor the invasion and expansion by H. dulcis , making clear and evident the need for actions that seek to change the current framework of anthropization; The mortality rate of the species close to zero shows that the natural control of the species in the FOM is practically null; H. dulcis showed great efficiency in the competition for resources and high capacity for regeneration, with high values for the annual periodic increment and for the annual rate of ingrowth, when compared to the native species of the FOM; The invasion of FOM by H. dulcis is far from regressing or stabilizing; In general, H.dulcis is characterized by a tendency to decrease in diameter in the course of its development; The stratification of forest fragments as to the degree of H. dulcis invasion by using the cluster analysis technique, both data from land surveys and from aerial surveys with UAVs, proved to be an efficient method in determining homogeneous strata; The first analysis of the management carried out indicates that the main objectives proposed initially in this research, that is, the generation of incomes and the control of the exotic species (reduction of the parameters) were achieved and, certainly, can serve as a management model for H. dulcis . In order to control H. dulcis and at the same time keep it generating income, a balance must be struck between the number of trees harvested and the number of trees growing in the forest. The harvest of H. dulcis caused irrelevant damage to the remaining trees with DBH ≥ 10 cm, less than 1%, for the number of trees.ha-1 and for the basal area.
Palavras-chave: espécie exótica invasora
uva-do-japão
manejo seletivo
Floresta com Araucária
invasive alien species
Japanese raisin tree
selective management
Araucaria Forest
Área(s) do CNPq: CIENCIAS AGRARIAS::RECURSOS FLORESTAIS E ENGENHARIA FLORESTAL
RECURSOS FLORESTAIS E ENGENHARIA FLORESTAL::MANEJO FLORESTAL
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Universidade Estadual do Centro-Oeste
Sigla da instituição: UNICENTRO
Departamento: Unicentro::Departamento de Ciências Florestais
Programa: Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais (Doutorado)
Citação: Nauiack, Carlos Henrique Boscardin. Diagnóstico, dinâmica e manejo de Hovenia dulcis Thunb. em fragmentos antropizados de Floresta Ombrófila Mista. 2020. 170 f. Tese (Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais - Doutorado) - Universidade Estadual do Centro-Oeste, Irati-PR.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: http://tede.unicentro.br:8080/jspui/handle/jspui/1407
Data de defesa: 4-Mai-2020
Aparece nas coleções:Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais (Doutorado)

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