@MASTERSTHESIS{ 2023:1501485254, title = {CONTRADIÇÃO E RESISTÊNCIA NO DISCURSO SOBRE AS PROSTITUTAS JUDIAS-POLACAS}, year = {2023}, url = "http://tede.unicentro.br:8080/jspui/handle/jspui/2057", abstract = "A presente pesquisa se inscreve na Análise de Discurso, proposta por Michel Pêcheux e constantemente repensada por Eni Orlandi e por pesquisadores que partilham com ela da teoria e dos avanços e retomadas que o conhecimento científico demanda. Tomamos como corpus a obra Baile das máscaras: Mulheres Judias e Prostituição: as polacas e suas associações de Ajuda Mútua, de Beatriz Kushnir (1996), que significamos como lugar de memória, por presentificar o histórico, o cultural, o discursivo pelas relações simbólicas, o que não circula na formação social por ter sido silenciado pela comunidade judaico-cristã. O recorte analítico incide sobre as prostitutas judias-polacas que vieram para o Brasil, fugidas da Europa no ano de 1867, devido às condições de miséria em que viviam. Mobilizamos, portanto, noções teóricas da Análise de Discurso (AD), que sustentam a análise do corpus em que o texto é lugar material do discurso. Nessa perspectiva, o texto é a unidade de análise e encaminha para diferentes discursos, tendo em conta que os sentidos sempre podem ser outros (ORLANDI, 1999) e se constituem pelas condições de produção e por sujeitos interpelados pela ideologia e atravessados pelo inconsciente. As materialidades discursivas se constituem por memórias e por pré-construídos (PÊCHEUX, [1975] 1997a, p. 162) como “algo fala” (ça parle) sempre “antes em outro lugar independentemente” (grifos do autor) e retornam a partir de sujeitos sempre divididos, inscritos em formações discursivas, que possuem fronteiras movediças (ORLANDI, 2002). No corpus em análise, o discurso religioso e cultural se atravessa e ancora a exclusão das judias-polacas, praticada, principalmente, pelos judeus-homens, tendo em conta que a legitimidade de práticas e de discursos se alinhava ao patriarcalismo estrutural em funcionamento. Com isso, instaura-se a contradição, isto é, os sujeitos permanecem na mesma FD, mas ocupam diferentes posições-sujeito. As prostitutas judias-polacas mesmo se inscrevendo na mesma formação discursiva dos judeus-homens, resistem e buscam promover a entreajuda, construindo cemitérios para os excluídos, negando, dessa forma a divisão social, religiosa e cultural que perpassa o discurso. Trata-se de mulheres nascidas no Leste Europeu, quase analfabetas e sem dote, o que dificultava o casamento, possibilitando que cafetões, muitas vezes judeus, as transformasse em prostitutas. A questão a ser respondia é: Como os discursos e memórias sobre mulheres retornam e legitimam a exclusão das prostitutas judias-polacas praticada por sujeitos-judeus? O objetivo geral para esta dissertação é verificar pela análise de SDs (sequências discursivas) recortadas da obra de Kushnir (1996), como são representadas imaginariamente as prostitutas judias, analisando e colocando em suspenso os processos discursivos e mecanismos de exclusão que contribuem para a construção desse discurso. A pesquisa permite concluir que no discurso sobre as prostitutas judias-polacas repetem-se memórias de um patriarcalismo sempre presente que legitima a exclusão e o silenciamento de mulheres, não só das prostitutas.", publisher = {Universidade Estadual do Centro-Oeste}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Letras (Mestrado)}, note = {Unicentro::Departamento de Letras} }