@MASTERSTHESIS{ 2019:675489800, title = {BENZEDEIRAS: A EDUCAÇÃO DE RESISTÊNCIA FEMININA DE MULHERES NEGRAS PELAS ERVAS}, year = {2019}, url = "http://tede.unicentro.br:8080/jspui/handle/jspui/1644", abstract = "Esse trabalho aponta as práticas educacionais relacionadas ao autocuidado e cuidado com a saúde no ofício do benzimento. Descreve como os saberes tradicionais do ofício foram repassados/transmitidos, no município de Foz do Jordão (Paraná) entre gerações familiares, no decorrer do tempo e, possivelmente, através da tradição matricentral (DIOP, 2015) e da atuação dessas mulheres juntamente ao seu conhecimento sobre as ervas. Tem por objetivo evidenciar os processos educacionais relativos à benzedura que se perpetuaram no decorrer do tempo na comunidade fozjordense. Relacionamos a esse processo o conceito de benzedeira por Elda Rizzo de Oliveira (1985) com o de reciprocidade presente no estudo de Alain Caillé (2014) e Eric Saubourin (2008,2011) no que tange aos cuidados comunitários. A metodologia utilizada para descrição e análise dos dados foi a Etnografia Educacional, sendo eles coletados no decorrer dos anos de 2017 a 2018 por meio de entrevistas e acompanhamento de seus atendimentos em suas casas. Para descrever e evidenciar esses saberes tradicionais utilizamos o estudo de Jefferson Olivatto da Silva (2016) sobre as constelações de aprendizagens, que nos possibilitam descrever e interligar, concomitantemente, as práticas educacionais à rotina familiar e comunitária das benzedeiras. As benzedeiras entrevistadas mantêm o milenar hábito de uso das plantas, e são, por vezes, o único cuidado à saúde existente na comunidade. Observou-se que através do ofício as benzedeiras fomentam ao seu redor uma constelação de aprendizagens de prevenção e proteção à saúde, pautadas nos saberes tradicionais, nas práticas educacionais e nos traços de aprendizagens familiares e comunitários. Os saberes tradicionais são transmitidos nas relações de cuidado entre o ser mãe, ser mulher e ser benzedeira. Os traços de aprendizagens estavam intrinsecamente ligados ao cotidiano e as vivências, familiar e comunitária, dessas mulheres; assim como presentes nas relações do cuidado materno para com a família, do cuidado materno com o outro (atendimentos), da construção matricentral dos valores e normas familiares e comunitárias, do conhecimento sobre os males do corpo e do espírito e do domínio sobre as ervas. Pensar as constelações de aprendizagens nos possibilita compreender como esses saberes foram perpetuados pelas benzedeiras dentro da comunidade de Foz do Jordão, pois estão refletidos nas relações do cotidiano, seja com suas famílias e com suas consulentes. Concluiu-se que as benzedeiras desenvolvem a afetividade e a generosidade como valores éticos nas relações e ensinam, a seu turno, como auxiliar ao outro com as ervas, superar as dores e os problemas da saúde física e espiritual. Assim, as constelações de aprendizagens evidenciaram que o ofício zela pelo princípio da reciprocidade e que este não se fundamenta apenas no doar-se, mas sim no fazê-lo pelo bem comum, enquanto as benzedeiras deixam suas raízes e repassam seus saberes mantendo vivo o ofício do benzimento.", publisher = {Universidade Estadual do Centro-Oeste}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Educação (Mestrado - Irati)}, note = {Unicentro::Departamento de Ciências Humanas, Letras e Artes} }